domingo, 27 de setembro de 2009

os meus mais sinceros desejos a este governo ou a outro qualquer.

banda sonora dos dias

a preparar as coisas e a cabeça. está quase quase. finalmente vou trabalhar num espectáculo com este encenador. estou curioso com tudo. é uma espécie de recomeçar. como sempre o é. embora este seja um estranho recomeçar. é o tempo da distância. ando a escrever estas coisas para me fazer ver. passaram dois anos desde a última produção em que entrei. passou um ano desde a última vez que pisei um palco. estas coisas têm o seu peso. estou provavelmente muito mais velho do que estava antes. digo velho de cabeça. embora já não esteja saturado. e até me considero muito mais aberto, se assim se pode dizer. tenho saudades das tábuas do palco. do palco preto. de chegar a casa lixado e com o problema nas mãos. tenho mesmo. e depois há uma coisa que é brutal... são três meses. três meses num país que não existe. num país que é uma amostra dele mesmo. que ainda vive para fora. país de ilusão. mais uma vez não votei. desta vez tenho uma desculpa. os processos. amanhã de manhã vou enfiar-me num estúdio a fazer umas dobragens. vou arrumar as coisas à pressa para me ir embora esta semana. já sei que vou ter pouco tempo e que vou roubar horas à noite. como sempre. a noite é irmã do dia. depois aguento mais dois dias. depois segue-se o imago. depois sábado é um dia importante para um amigo. e se é importante para um amigo é importante também para mim. depois segue-se o imago ainda. e depois segue-se o Porto. essa cidade abstracta. hehehe cidade abstracta. gosto disso. são demasiadas vezes a mesma história para se contar. aquelas ruas que se conheceram em momentos dispersos da vida. uns bons. outros nem por isso. voltar. voltar. teatro. teatro. Shakespeare. voltar assim. Shakespeare. estou inquieto. ainda estou inquieto. com a certeza de que quando estiver no palco todas essa inquietações serão completamente secundárias. isto vai ter de ser bom. este é o meu trabalho.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

sobre o regresso ao palco. uma felicidade louca. explicar mentalmente as razões do afastamento. fase de reflexão. fase de reflexão que se torna de repente em fase de acção. lembrar coisas passadas. quando de repente se tinha vergonha do que se fazia e o que se fazia era o que se era. nenhum actor pode fugir de si. de repente está-se ali. de repente está-se ali e deixa de ser justo. quando o teatro deixa de ser justo. provavelmente é nesse ponto que o actor deixa de ser actor. depois há a necessidade de gritar. e o grito afasta e fecha as portas que tem de fechar. e o mundo gira normalmente. mas o mundo que gira na sua normalidade é feito de contrastes. e não espera. e não é um mundo dado à compreensão. depois as pessoas que são a tua vida sentem o caos demasiado perto. o caos é o abismo. e o medo da queda é insuportável. mas tu vives nele. é esse medo constante de queda que move os passos e a direcção. hoje tremeram-te as mãos. merda. é só um regresso. é só um regresso. nada mais normal. regresso a um país que na verdade já não é o teu. deixa de falar para ti. já não é o meu. as coisas que se entranharam ainda por cá andam. a vida não se apaga com borrachas de brincar. os cães que ladram na distância têm um perigo relativo. são pouco relativamente perigosos. encontros e desencontros. tenho como objectivo a sua invisibilidade. deus morreu. foi assim. está contada a história. já o mundo está demasiado cheio de histórias trágicas. adiante no assunto. já faz tão pouco sentido que é como se se tivesse apagado uma mancha da vida. o universo faz-se de surpresas. nem todas são boas. é normal. num dia amas e noutro dia chove. num dia vomitas e noutro faz-se luz. a maldita luz. a luz. a luz das manhãs frias. luz branca. corpo vazio. viver de memórias de coisas. que o tempo passe como tiver de passar.

há dias assim

domingo, 20 de setembro de 2009

sem paciência para escrever

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

apontamento

no fundo, e apesar das coisas invisíveis que lhe rodeavam a cabeça por vezes luminosamente branca, ela talvez tivesse o animal da desgraça a correr-lhe por dentro. dava com a cabeça nas paredes muitos dias. necessitava renovação na sua carne. no fundo ela estava condenada a desaparecer no vácuo da sua vida sem sentido. inócua na sua ilusão. deslocada da realidade. deslocada do lado real do mundo. era assim... uma natureza morta que definhava. ombros que se iam enclausurando cada vez mais. um círculo sobre si mesmo. buraco negro. cancro na pele exposta. fuga constante do sol.

sábado, 12 de setembro de 2009

já está quase.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

pois muitas mudanças nestes últimos tempos... parece que vou sair uns tempos de Barcelona... dirijo-me ao Porto para voltar a fazer alguma coisa de palco. provavelmente com mais pica do que nunca... enfim... com a minha escolinha... é importante, é importante. deixo aqui uma parte da cabeça com estes meus mânfios... mas isto é uma coisa que eu tenho de fazer. mas os meus mânfios são os meus mânfios e nada pode mudar isso. bem, o Imago está quase aí!!! especial atenção a NOTWIST e já para nem falar no DJ Yoda... palpita-se mais um fim de semana épico, quem sabe se não é o mais épico já vivido no Fundão, nessa cidade de trevas que recebe este dardo de luz chamado Imago... este ano promete, meus caros... este ano promete... é o décimo aniversário... o aniversário X... e com isto não digo mais nada... xôr Pedro e companhia sabem o que fazem... atenção... juro que escreverei alguma coisa com mais tempo. mas a verdade é que me apetece gozar este meu mês. abraços aos que contam. que contam cada vez mais.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

então vá

terça-feira, 1 de setembro de 2009

depois da queda o olhar curvo sobre os dias que não te visitam. curvo? sim, curvo. um olhar redondo sobre as coisas, redondo de circular. não tens tempo. andas por aí nas ruas de gente sem rosto. ninguém te vê. ninguém te olha. as vozes parece que se esconderam em lugares fundos. dá o salto. dá a merda do salto. o último salto. dá-o. é agora o tempo. é o tempo sem precedentes no meio da tua miséria que já foi um dia. chega de lamentos. chega de histórias por contar. chega de histórias mal contadas. querias o quê? remédios bem temperados e infantis cobertos de mistérios e magias e sonhos. és palerma. as múmias estão mortas. não te esqueças disso. naturezas mortas. cuspir no chão. vomitar no ar. nas paredes. é uma cidade velha. viagens. visitas. corpo. silêncio. silêncio. silêncio. escreves assim. escreves sempre assim. tiroteio interno. maldito sangue este que te forma. amaldiçoar a morte alheia. desconhecidos depois de tanta coisa. crise. bahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh treta. caminho recto. segue o teu rasto. no meio do esterco e da guerra. segue o teu rasto. segue o teu resto. segue o teu rosto. o teu rosto de brilho podre das manhãs secretas. uau. que loucura. que treta de loucura mais infantilmente pacóvia e moribunda. manda cagar. manda cagar o menino. manda cagar a menina. manda cagar. manda cagar. vai dançar hoje. vai dançar. rir do mundo que já lá foi. que morreu no seu próprio isco. na sua própria fraude. no seu reflexo encontrarão o seu caminho de cinza. última vez. testamento. praga. hahahaha bahhhhh

banda sonora dos dias. a questão do tempo. a maldita questão do tempo.