sábado, 6 de dezembro de 2008

desabafo hermético

este mundo tem coisas que não deixam de surpreender. pior que as falsas modéstias só mesmo a arrogância inconsciente. falsas modéstias, pronto, um gajo sente-se pouco solto e cora um bocadinho e faz-se pequeno, a arrogância inconsciente é muito pior, é de uma tontice que vai lá vai. vou aqui roubar uma coisa ao Dostoiévsky, a basófia, os gajos que enchem a boca para dizer os maiores disparates como se fossem verdades absolutas, eu até me passo. até admito que sou um bocadito burro e fragmentado mas não me atirem areia tão grossa para os olhos. é que até me deixam sem saber o que dizer, fico digamos que encavacado. ontem deixaram-me assim, até me encolhi, olhei para o tecto e contei candeeiros. um objecto artístico não tem limites no desenvolvimento. tem limitações de tempo e de espaço que lhe dão a sua resolução final. essa resolução será sempre a sua forma mais perto da forma ideal. ora bem, no meu trabalho como criador acontece-me sempre não ficar contente com nada e até me acompanha sempre uma certa frustração porque há sempre fragilidades que tomam um grau de preocupação muito maior que o lado positivo. por muitas conquistas que se tenham as pequenas derrotas custarão sempre mais. é assim. quando me perguntam como está o espectáculo eu ganho sempre uma vergonha qualquer nessa altura, é como a minha vergonha nos agradecimentos, não tenho jeito nenhum para a parte dos agradecimentos. enfim... mas não quero falar disto. aqui fica este desabafo que não diz nada. só não quero é que me fodam a cabeça com palermices si us plau.

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