quinta-feira, 2 de julho de 2009

ou talvez tenha guardado. talvez te queira os ossos. talvez te queira dentro de si. é preciso que o tempo passe. que o tempo passe sem que se note a sua presença. que as coisas se pareçam sempre com o nada ou com o tudo ou que importará isso agora. é uma coisa enigmática e circular. isso da vida. isso da vida. doem-me os músculos. ferrugem. calcinado na origem respiratória e alimentar do problema. é um vómito constante. a terra que não te guardou. terra de líquidos. terra de sal. são lágrimas, senhor, são lágrimas. lágrimas que caem pelas marcas do rosto. lágrimas de ácido. ainda não há histórias. ainda não há reflexos. correntes. alucinações. projectos abandonados. como se a cabeça se tivesse tornado num grande baú de memórias. escondido no escuro. à espera de ser descoberto. à espera que a luz o visite. a visite. à cabeça.

era uma forma insegura no caminho da vida
um dia morres
um dia morres
um dia morres

queres escrever coisas muito sensíveis meu sacana? pois podes começar por aprender a escrever. precisas de te deitar abaixo. o tempo humilha-te as costas. o tempo massacra-te o pescoço. os ombros. na cabeça não se fala. reina o silêncio. é uma nova espécie de sonolência que te invade a noite e o dia. em que é que estás a pensar? estás a pensar no seguinte: que se pudesses controlar as coisas muito teria sido de outra forma. estás a pensar em merda. as coisas estão no ponto em que estão. são o que são. andas a esquecer-te de ti. andas a esquecer-te de ti. já não és tu. já nada és tu. o que és tu? objecto coisa no desenrolar do mundo. o que tens tu na cabeça? ninguém sabe. como se isso importasse alguma coisa. esquecimento. sem elos. sem ligações. a terra que não te guardou. sanguessuga. estás exausto. aqui se termina mais um texto do nada. tornei-me nisto. um espaço em branco.

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