segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
era o tempo do grande kuni. os guerreiros subiam as montanhas e só voltavam passados muitos dias. traziam animais mortos que nos serviriam de alimento por algum tempo. havia um estranho respeito na morte. um quase medo sagrado na morte. os guerreiros traziam as suas cabeças vestidas com as cabeças dos animais. cantavam cânticos de terror. faziam longos desvios no caminho para casa. nunca em linha recta. sempre em círculos. era para que a morte os não seguisse. a morte. papu lana. papu lana. mire no sacura. os guerreiros vestiam-se com os espíritos da grande mãe. o tempo mudava com os seus cânticos de terror e de magia. o manto da noite cobria as nossas casas. as crianças choravam. muitas sucumbiam. eram tempos de magia. o grande kuni fazia danças. o grande kuni sangrava as crianças vivas e derramava o sangue quente sobre as crianças mortas. os guerreiros chegavam com os animais sem pele. os animais vermelhos. o grande kuni dançava em volta deles. gritava: la pah la pah o mai nur tancuta. os guerreiros choravam. as mulheres e as crianças choravam. ali se uniam os animais e as crianças que já não tinham vida terrena. era a morte que dormia lado a lado. depois todos dançavam. depois as crianças eram enterradas e os animais eram cozinhados. e depois as mulheres e as crianças comiam. e depois os guerreiros tomavam uma bebida que o grande kuni preparava. era a bebida secreta. puna. depois todos rezavam. e depois todos cantavam. por vezes a aldeia voava muito acima da terra. por vezes a aldeia sobrevoava as árvores.
colocado aqui por
Pedro Fiuza
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