segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

visitava-me a melancolia. era cedo. de manhã. eu dormia com um pouco de luz. dormia em sobressalto. chegavam pássaros gigantes nos meus sonhos. agarravam-me com as suas garras de fúria e levavam-me para longe. era um quarto de plumas. as paredes eram brancas para aumentar a claridade. de repente eram animais carnívoros. os sonhos como uma torrente. insecticida no sangue. os braços caídos pela estrada fora deixavam uma linha vermelha. ninguém a seguia. só o silêncio. a coisa lá ia à vida. lentidão. visitava-me a melancolia nas manhãs púrpuras. depois de noites incendiadas em torturas magistrais. a rebentar disperso por dentro. no meio de gritos confusos. no meio da imensidão da gente. vestido de vergonha. como se os dias fossem estranhamente ácidos. cobertos pelo amargo.