quinta-feira, 12 de novembro de 2009

chegou-te a noite a casa. qual noite? qual casa? um corpo e um saco. meia dúzia de sonhos obscuros, a noite. há insectos que se arrastam no chão. estás na rua. um buraco. duas cadeiras. sentas-te numa mas ninguém chega. saltas directo da cadeira para o solo frio e húmido da noite. afinal é noite. o teu problema é a casa. estás então deitado na terra. o ouvido colado a ela. um pulsar. um grito de dentro do mundo que nunca tinhas escutado. demasiado tempo à espera. na tua noite sem casa sentado numa das duas cadeiras e à espera. o grito da terra fria da noite massacra-te agora a cabeça. podes sempre meter o teu corpo no saco. saco abrigo. corpo bunker. soterrado pelas explosões da metafísica mentira. cala-te. silêncio. que o pulsar do mundo te atravesse essa tua cabeça de miséria. és um ser doente. não há casa possível para ti num mundo que não tem treva. nem guerra. nem outra forma física de falcatrua. adeus.

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