segunda-feira, 16 de novembro de 2009
e depois chegou-me o momento de não me poder diferenciar de um criminoso. era uma condição que me parecia natural, era um chamamento, uma coisa que deve ter-se desenvolvido comigo até ter chegado a um momento em que eu teria de aceitar o que vivia para poder seguir. talvez daqui venha o problema, em muitos casos é o carrasco quem corta a sua própria cabeça. e a morte é amante da cobardia. eu tinha a vida que não podia ter. que me estava vedada por uma questão de sangue e necessidade. o que se passou foi que numa conjuntura específica do tempo, o mundo inventou um monstro, e esse monstro sou eu, a minha luta é comigo. há muitos monstros neste mundo mas nem todos se apontam as armas. isto não é um orgulho. isto é um trabalho. de repente comecei a reparar que tinha uma bomba nas mãos e, essa bomba, estava para sempre soldada a mim. por vezes apareciam anjos e a bomba era como que esquecida, mas os anjos voltam sempre para o seu céu, e a bomba lá voltava dando sinais de existência. o processo sempre foi demasiado simples, é do nascimento até à morte. uns preocupam-se com os pontos, outros com o que está entre eles, outros com o que está entre eles e neles mesmos, outros só com um, o ponto último, esse é o meu caso, tenho a vida por resolver, até à morte, esse lugar.
colocado aqui por
Pedro Fiuza
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
Bom texto.
Abraços,
AR
Enviar um comentário