domingo, 31 de agosto de 2008

o caminho errado do menino eu

filho de uma funcionária pública e, na altura, de um mecânico de automóveis, hoje camionista/agricultor, o menino eu parecia ter já o destino traçado nas páginas da contabilidade ou da engenharia electromecânica ou assim... pertencente à classe média com tendência para a baixa, pertencente à classe privada dos sonhos e do desenrasque da vida, o menino eu lá foi desenvolvendo a sua infância no meio de carrinhos de brincar e de fisgas e de bicicletas. os pais do menino não se davam bem. o menino procurava refúgio no seu quarto para não os aturar. livros do Tio Patinhas e outras cenas da Disney. a contabilidade e a electromecânica a afastarem-se do horizonte. a necessidade de marcar diferenças a tomar conta da cabeça. aqui é preciso escrever o seguinte: MERDA!!! separação da família, bom sinal para o futuro. adolescência, música, livros, fitas, erva, criação de personagem, escola, descoberta da escrita. escola secundária, grupo histérico, Baltazar, teatro, concertos. cabeça em desvario. desistência do 12º ano. entrada para a escola de teatro mais linda do mundo. alguns espectáculos com boas prestações, desenvolvimento teórico ranheta, teorias pseudo-anarquistas. CATANO!!! mudança para a Covilhã: MERDA!!! mudança para o Fundão: MERDA!!! distúrbios políticos, desavenças velhacas da pior espécie com gente, endividamentos diversos. BURRO!!! o menino eu devia ter ido para contabilista? claro que não, então se tinha ânsias!!! claro que as ânsias podiam ter sido um part-time da contabilidade ou da electroengenharia... mas não foram. o menino eu agora que se invente. para a vida tem os amigos e uma zona específica da família. pode dizer que ganhou isso. se ganhou isso não é um caminho assim tão errado.

ando sentimental e parvo com choraminguice latente e pieguices diversas.

4 comentários:

Unknown disse...

Embora não tenhas comentado a minha Vaca aqui vai o meu apreço pelo teu Menino Eu. Bom. Preferia um menino Eu em jeito de Agrião. Para pêlo eriçado no cachaço, não está nada mal! A minha próxima vai ser sobre esse novo conceito de "competências" para se ser amigo de alguém. 1ª Regra - Uma Maquina fotográfica. 2º Regra - Divulgação. Agora deixa-me cozinhar isto num panelão retórico "e logo logo cê vai vê"

Rini Luyks disse...

Sinopse autobiográfico (suponho, autorizado?) bastante original e revelador, caro Pedro. Se calhar será menos apropriada a sua apresentação para fins curriculares em geral, mas é absolutamente uma mais valia numa candidatura para Encenador de peças de Dostoiévski.

Dou-te já aqui uma cena de graça (até tem graça sem ser gratuita), um pequeno sonho-pesadelo que tive hoje de manhã.
Contexto: na sexta feira passada recebi a minha liquidação IRS 2007, quase 300 contitos a pagar até dia 1 de Outubro, mas não há de ser nada....
Situação no sonho: último dia para pagar os impostos antes de ser expulso do país.
Entro aflito no autocarro nº 40 (número que ainda não consegui explicar), liquidação IRS na mão, as Finanças vão fechar daqui a pouco. Passo o Cartão Lisboa Viva pela máquina de controlo, mas em vez de mostrar uma luzinha verde ou vermelha, a máquina solta um som de estertor rouco. Dois homens fardados vêm ter comigo. "Mas o meu cartão está válido!"
"Sim, sim, o cartão está bem, mas o senhor está alcoolizado. Faça a favor de nos acompanhar à esquadra."
E acordei para mais um dia esplendoroso...

joao disse...

E eu amando-lhe um abraço forte!

Anónimo disse...

Um abraço Gigantone para que te ponhas bom!!! Uma beija nesse barbum (que aposto teres) para te elegrar o ânimo!