segunda-feira, 1 de setembro de 2008

é uma ferrugem nos olhos
foi onde tudo começou
depois espalhou-se por ti
dentro e fora
construção de filmes estranhos
nomes e situações
acasos acrobáticos da vida
andas na rua em busca de túneis
só há clareiras
o ar não corre
é uma cilada
não há olhos
chamas-te coisas que não importam
ou importam mas o que é isso agora
nada de futuros
andas só a escrever poemas
a dose incerta das coisas
nadas e tudos
dizes que andas em guerra
não há qualquer guerra
não és um soldado
só tens algumas ânsias
fardas de brincar
gritas o nada
gritas-te
andas corres saltas
tudo para tentar voar
mas há sempre uma altura em que o corpo acaba por cair no chão
são as regras do mundo
as regras do jogo
jogas
entras nas coisas que não te pedem para entrares
outras que pedem mas que se escapam
descobres a velocidade
alucinações
espaço imaginário sem limites para a vida inventada
a vida por viver
sonhas com o ar a bater-te na cara
com toda a força
o teu rosto esmaga-se contra a estrutura óssea
matas insectos
insectos entram em ti
com a tua ferrugem
o tempo que passa
que não volta
que não se decide
escreves a palavra MERDA
dizes essa palavra constantemente durante o dia
acordas bem disposto como se não se passasse nada
e o passado se auto apagasse

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