sexta-feira, 20 de março de 2009
há os que se afundam em garrafas e garrafas e nem assim se afogam, vão-se afogando.
seguem o ritmo do braço, braço estranhamente ligado ao corpo. com articulações, cartilagem, ossos, músculos, sangue, merda, pele.
é uma espécie de tempo decomposto. até chegar ao nada.
as mãos são a parte que eu mais vejo de mim. observo desenvolvimentos, pequenas revoluções, às vezes encantos, outras desencantos, passagens, cortes, calos, dedos. as mãos... construtoras de sonhos e de crimes. mãos inquietas, trementes, rudes, riscadas, raidadas, irrequietas, vitais. mãos de esboços, de textos insuportáveis. que limparam lágrimas, que disseram amo-te, quero-te, que amaram e tiveram o que diziam amar e querer. mãos putas. mãos vivas. mãos duras, brutas, mãos canalhas.
atiro-me com pedaços desfeitos de mim mesmo. quase que com palavras me corto. sinto-o como necessário. ela morreu-me. ela morreu-me. como será possível esquecer?
colocado aqui por
Pedro Fiuza
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