domingo, 15 de março de 2009

um dia acabei um pseudo-livro com este texto aqui, não deixa de ser irónico

reparem bem na ironia do que aqui vai, por isso é que eu digo que... os malditos papéis... e a maldita poesia... já ninguém dá valor a isso, é mais fácil deixar tudo para trás, já ninguém luta, já ninguém nada, já ninguém nada, esta é a verdade. já se está tudo nas tintas. nas tintas. a verdade é sempre mais simples e é pensada em silêncio. é o tu não me serves. um dia dediquei o que podia. tive piadas próximas pela rua. ninguém mais as compreendia, só nós, andava pela rua e pensava em ti. cartazes. hahahaha estou com os copos. estou com os copos e escrevo. é o pior que pode acontecer sempre. é verdade. aqui vai desabafo louco, não interessa, já nada tenho a perder, estou em processo, processo de quê??? isso lá interessa para alguma coisa agora? não é já tarde de mais? eram cartazes com flores. aquelas flores que eram nossas. ainda tenho algumas secas no meio de livros e de cadernos. guardei-as porque tu mas deste. mas pronto, não sirvo. não sirvo. não sirvo. não sirvo. é um menino sacaninha. reles. é pesado e é pouco. é pouco. estou a falar de mim. sou pouco. olhem, pois sou. sou ínfimo. mínimo. vácuo. todos vão compreender esse sentimento de desistência. é perfeito. ninguém vai compreender o meu processo. é incrível quando se tem o mundo na mão, eu já o tive também, ou pelo menos achava isso, eu já tive tudo o que queria, já destruí as minhas ilusões, estou-me a cagar, pura e simplesmente a cagar, estou em processo. hahaha processo. venham lá os palavrões: caralho de processo. treta de processo. obrigado a esquecer. obrigado a esquecer. na verdade isto mete nojo. se me meto nojo? claro que meto, sou impossível. senhoras e senhores, sou impossível. sou uma fraude. é assim... é triste mas é assim... vai-se chorando às escondidas pelos cantos até que um dia se seque tudo e não possa sair nada nunca mais. é tudo normal. mas, de qualquer forma, peço que me reparem neste texto com que eu acabei o meu pseudo-livro:


Sento-me e espero. É tudo uma questão de silêncios. Não procuro nada dentro de mim. Talvez não defenda nada. Espero. É a minha acção continuada. Recuso a visita de qualquer pensamento. É uma espécie de nudez. Uma forma interna de esquecimento. Vou para a rua. Ando. É uma imagem fantasma. O dentro é diferente. Sentado e à espera. Os pés marcam a hipnose. A cabeça de hoje consegue assumir o seu vazio. Cabeça janela. Cabeça à janela. Tudo passa. Vai-se com o desenrolar do mundo. O mundo desenrola-se enquanto eu espero. Eu vejo o mundo desenrolar-se com a minha cabeça despida. Silêncios. Tudo são silêncios por preencher. Silêncios para agarrar. Espero o quê? A resolução do segredo. Uma revelação. Um desenrolar de mim no mundo. Para o mundo. Do mundo. Do mundo. Reforçar para chegar ao silêncio. Reforçar-me para chegar à convicção de que vale a pena esperar porque nada mais importa para além do segredo. E depois do segredo revelado nada mais importa do que a sua resolução. As coisas tornarem-se finalmente coisas. Gritar no meio do silêncio para poder quebrá-lo. Gritá-lo convictamente. Certeiro. Mortal. Sair de mim porque o dentro já não é suficiente. Beijar o mundo. Beijar o segredo. Torná-lo na forma de amor mais pura. Fazer do segredo uma forma superior de luz. Agora é tempo. Já é tempo. Sento-me e espero o meu levantar. Vou para a rua e o andar deixa de ser uma imagem fantasma. O andar passa a ser a forma mais real de respirar. Sente-se o amor de uma forma quase louca. O corpo acende-se com o movimento do mundo. O mundo tem um nome que me visita enquanto durmo. Sonho constante. Não quero acordar. Talvez a minha espera tenha esse ar sonolento porque não quero acordar nunca mais do meu sonho. O sonho nomeado tantas vezes na cabeça despida e esquecida de si mesma para ter mais espaço para o nome. Nada mais. Nada mais. Nada mais importa para a cabeça. O nome aproxima-se. Agarra na minha mão. Eu estou sentado à sua espera. Antes não sabia da existência do nome. Agora não. Agora peço que o nome me agarre na mão e me leve e me embale no meio da vida. Peço que o nome seja verdade. Peço que o nome me leve no seu voo distante. Que me leve consigo até não haver regresso. Que o nome se torne eu e eu me torne no nome. Que o nome me ame como eu o amo. Que o nome me queira como eu o quero. Que o nome me sinta mágico como eu o sinto mágico. Perfeito. Tudo. Toda. Incrível. Só quero que me ames. Muito. Como eu a ti.


pois então, não é incrível? assim se acabou o livro EPIDERME. quem o tem que o rasgue. quem o tem que o imagine como uma frustração para quem o escreveu e que o rasgue. que o queime. que o sinta como um falhanço. foda-se, que tudo é um falhanço, um falhanço insuportável, corrosivo, com sabor a vómito e a ferrugem.

3 comentários:

Anónimo disse...

Fiquei com vontade de ler o livro outra vez;).

Beijinhos

Anónimo disse...

Fiquei com vontade de ler o livro outra vez;)

Obrigada

Pedro Fiuza disse...

ó gaja da beira, escolho o comentário do obrigado ou o dos beijinhos?