quinta-feira, 16 de abril de 2009
eram assim os dias. como passageiros. acordavas de manhã e seguias o rumo que o tempo te trazia. já não esperavas nada nem ninguém. já não eras uma sombra. eras um fantasma. conheceram-se numa idade nova. tu um pouco mais velho. o suficiente para que isso fizesse confusão ao que rodeava as coisas. como se isso do amor fosse um qualquer crime que se atirasse à cara dos que se amavam. amavam? amariam? depois do tempo passado e dos sulcos que tens na cara, nessa cara sofridamente triste, já não sei se se amavam. o jogo dela era perigoso, meu caro, o jogo dela era muito perigoso e a fome só a sente quem a tem. quando pensas no que te tornaste nem sabes o que és. um resto. rasto. esqueleto que chora na noite às escondidas dos vizinhos, silenciosamente. é verdade, doem-te as pernas, tens a cabeça líquida, sentes-te sozinho, mas e depois? não é verdade que no fundo de um arco iris há sempre um pote de ouro? só tens de esperar a conjugação certa da humidade e da luz. só tens de esperar o impossível. só tens de voltar a arranjar armas. estás condenado a uma guerra eterna e estás ao mesmo tempo condenado ao esquecimento. mas é como tu mesmo dizes, a fase é de anulação, a fase é de esquecer, mas, foda-se, esquecer o quê? esquecer que és um eterno mendigo da vida? para quê? queres lutar com o inevitável? andas triste? andas deprimido? anda cala-te caralho que há muitos pior do que tu, ah, claro, do outro lado do mundo... és mesmo burro, os livros não te serviram para nada, até já tos querem dividir, convence-te da situação, tu morreste meu cão, tu morreste, com outro tudo será melhor, não se trata de ser diferente, não, trata-se de ser melhor. o que tu queres não interessa. nunca interessou para é que te pões com tretas? já tens idade para sacar a máscara. és o que és. esterco. um rasteiro. quando te dizem que o amor não é tudo o que será que querem dizer? sabes? não? é simples. dizem-te que não serves. isso basta. não serves. TU NÃO SERVES. deixa-te andar por aí com a tua merda de insignificância. de preferência longe. onde nenhuns olhos te vejam.
colocado aqui por
Pedro Fiuza
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