quarta-feira, 22 de abril de 2009

eis que se aproxima um 25...

está a aproximar-se um dos meus temas preferidos da chamada identidade nacional, devo repetir isto, identidade nacional. eis que se aproxima um dos 25's mais famosos de Portugal, talvez este seja mesmo o mais famoso porque ao outro ninguém lhe chama o 25 de dezembro, é o natal e está a andar, este aqui, talvez porque a reflexão sobre o acontecimento ainda seja tão vaga que ainda não permita dar nome à coisa, prefere então ser chamado por aquilo que o define e que na verdade é, um dia, no dia 25 no mês de abril, é simples, o 25 de abril, eu também sou assim a dar títulos às coisas, claro que o artigo antes do 25 lhe dá logo uma identidade única, o 25, bem pensado este truque. portanto, o 25, para mim a maior treta junto com o nascimento de salazar que o rectângulo à beira mar alguma vez viu. todos os anos ao chegar esta data faço a mesma pergunta descarada e nunca ninguém me responde claramente: o 25 de abril existiu? deve ter existido o dia para as pessoas o poderem comemorar, alguns dos quais que hoje são uns carneiros mal-cheirosos até se orgulham de na época serem pessoas activas, até olham com um certo desdém para quem nasceu depois do 25 de abril do famigerado ano de 1974!!! mas uma pessoa não tem culpa, saiu da mãe em 80, é assim... bem, em jeito de composição escolar, o 25 de abril foi muito importante porque se acabou com a ditadura. ditadura? ai, com o regime fascista, porque ditadura... em ditadura vivemos nós, os que nasceram depois do famigerado ano de 1974, porque os senhores que se orgulham de ter inclusivamente sido participantes activos e clandestinos da revolução são neste momento todos uns facínoras que já deviam estar era numa ilha qualquer no Pacífico a apanhar sol na pança e a beber daikiri's. Portugal é um país sem futuro, e o futuro não é tudo, Portugal é um país sem futuro porque também não tem presente. estamos quase a chegar a 25 e vai-se comemorar o 25, uns cravos na mão, a Grândola Vila Morena, o fascismo nunca mais, o há mar e mar há ir e voltar, e depois chega o dia 26 e já se acabou o 25 que para o ano há mais. o país que se orgulha tanto da sua revolução sem fogo está agora metido no mais silencioso medo da vida vivida, o país consciente e político e activo está agora a gozar os ganhos da sua pseudo-revolução porque os sacanas que estão no poleiro e que estãos nas direcções das coisas ainda são os ex-combatentes da clandestinidade, mas que ex-combatentes? mas estão a gozar com quem? uma vez conheci um que se orgulhava tanto que quase rebentava de ter vivido nesse período da história portuguesa, um doa maiores cães que conheci até hoje, sugador artístico do subsídio do zé povinho, digo-vos já, nunca o vi com uma única preocupação artística pelo outro, onde está então a revolução aqui? eu sei onde, na conta bancária, o 25 de abril anda espalhado por contas bancárias. temos um país com horizontes negros, com um desemprego brutal, no limiar da pobreza, com fome escondida ou assumida ou o que quer que seja, e no dia 25 lá se distribuem uns cravos para serem utilizados como bandeiras de coisa nenhuma. e um cravo, que do ponto de vista de poesia e de marketing é uma coisa brutal, espelha aqui a verdade da revolução: que revolução? andavam feitos papalvos a discutir os conceitos de revolução e de evolução, não tinham mais nada que fazer, os papalvos da esquerda e mais os papalvos da direita, com um país morto e quase enterrado, a perderem tempo com jogos de palavras quando a verdade do jogo é muito mais simples: nem revolução nem evolução, a verdade foi a transição do poder, uma passagem normal de um artefacto irreal chamado poder, porque o poder político não existe, o poder político são as pessoas, e as pessoas não se podem eleger em caminhos, nem em ideologias, nem em erros graves que outros não vão pagar. na verdade, Portugal é um país condenado ao esquecimento e ao silêncio. e uma coisa que merece ser dita e com isto acabo este texto: os nossos políticos são uma merda. o 25 de abril existiu?

2 comentários:

Ursdens disse...

Há uns tempos li o diário remendado do Luiz Pacheco, livro mal escrito que até enjoa, mas com algum conteúdo interessante. Quando chega a Abril de 74, nota-se uma espécie de euforia, até porque durante um longo período não há quaisquer escritos. Depois, uns meses depois, começa a descrição Pachecal do carneirismo à procura do lugarzinho ao sol, vulgo caça ao tacho. Se até na época os mais atentos viam o que se passava, difícil será, nos dias que correm, não fazer a análise que fazes... Enfim... Aguenta-te aí! :)

Rini Luyks disse...

Já perguntei no dia 25 de Abril do ano passado: "Para quando a Revolução dos Escravos!?"