terça-feira, 14 de abril de 2009

a ter uma faca gigante nas mãos
uma espécie de faca que mutila
apenas mutila
das que se vai metendo na ferida até chegar ao osso
e nem aí parar
só parar na separação total
absoluta
aniquiladora do tempo
aniquiladora dos olhos que já não podem mais ver
é possível que haja uma verdade louca nas coisas
e que só eu a não conheça
claro que é possível
é demasiado possível
demasiado lamentável também
mas mesmo assim possível
uma verdade no corte fatal do corpo
na miséria da cabeça
na ascensão automática do caos do cérebro
da porcaria atroz das palavras
nestes ressentimentos sanguíneos
nesta camuflagem
fuga
lamento na orientação
respiração frenética em movimentos ansiosos
memória do acordar na merda do hospital
oh como tudo isso é ridículo
absurdo
abstracto
de qualquer maneira foi o fogo que te apagaram
as mandíbulas que te levaram os ombros
ou a vontade
ou a visão
ou o umbigo

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