terça-feira, 24 de junho de 2008
ponto de situação
é um registo das coisas. algumas são reais, outras são roubos de imagens que não querem ser reais. começo pelas pernas gastas, passo pelo registo do ritmo, o cansaço, a película sobre a pele, o peso morto sobre os pés que não se podem parar. lugar sem língua, lugar sem sono. choques entre corpos. procurar o que não existe e se sabe previamente. inventar um tempo para viver. roubar ao tempo da vida o tempo para viver. a rua. os lugares. as pessoas. a festa com o ruído. num jardim uma mulher chupa um homem com a violência do mundo. sem ser um ritual. vais num jardim e uma mulher chupa um homem. depois pára e agarra-o com as mãos. despacha o acontecimento. são cinco euros, aqui a rasteira da explosão custa cinco euros. dou por mim a pensar que é o mesmo que eu ganho numa hora. é uma coincidência e nada mais. uma coincidência num preço num trabalho igualmente porco. seguem o caminho. nunca se amaram. ela limpa-se. ele veste-se. nada mais. estado do mundo. amanhã será outro dia. ela continuará a chupar, ele não importa, eu também continuarei a chupar, na minha maneira permissiva das coisas. na verdade, eu estava ali a chupar com ela. também eu limpei a boca. também eu me troco por um milagre qualquer que teima em não aparecer. não me estou a incluir na situação. eu sou a situação. eu obriguei-me a desviar o olhar. uma paisagem de fogo que não tem fumo. rumo. dormir pouco e ouvir ameaças de sanções. nervos. falar alto no trabalho. muitas horas seguidas e sem ninguém. mas que trabalho? uma inutilidade do mundo, uma injecção constante de pressão, medo e culpa. como se os que chupam tivessem alguma culpa. como se os cinco euros tivessem algum peso real. têm o fictício da explosão. é assim. e depois as viagens. e os pés que já só pedem para ser cortados. a cabeça aguenta. a cabeça pensa no vazio enquanto chupa, só o corpo é que se movimenta. chega deste assunto. estou exausto e enervado como nunca. os olhos já me rebentaram e eu consolei-me com o tem de ser. engano-me com o tabaco. estou longe dos braços. estou mais magro. estou sujo. cheiro mal. desliguei-me. não sei se vou ser capaz. é ver. espero não cair. não suporto o imaginário em que me movo. preciso de cortar o cabelo. vou deitar umas sapatilhas para o lixo. o meu telefone toca pouco. estou cansado. custa-me respirar. sempre ansioso. estou mesmo mesmo a cheirar mal. trabalhar no vazio. máquinas com números e apitos. infiltram-se na cabeça. escrever para limpar. farto de comer fritos. quero os braços que não tenho. não sei o que diga... é aguentar...
colocado aqui por
Pedro Fiuza
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3 comentários:
grande abraço
manda-me o contacto, para ir passar um fim de semana contigo
pedro_carrico@hotmail.com
Mê Fiuza, aguenta-te homem! Afinal, como tu dizes, "é carne de cão"! Mas não te esqueças, nada é definitivo e só não há remédio para a morte. Beijos grandes, tenho saudades tuas. Julho já está aí.
tens que ver monty python comigo, apanhamos uma bebedeira...rir disto tudo q n vale um tostão furado mas é o mundo que temos!!!há coisas boas...há abraços bons!e eu quero o teu!
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