quinta-feira, 5 de março de 2009
era uma vez um cão. não quero começar assim uma história. na verdade, nunca quis escrever histórias, vou detestando histórias. vamos então esquecer a parte do era uma vez um cão. esquecemos o cão e, mais importante ainda, esquecemos o era uma vez. aqui está um belo exemplo de como se pode escrever quase sobre nada. escrita técnica. ritmo frio. pensamento nulo. tudo tem a ver com vivência e esquecimento. mesmo que o esquecimento seja uma luta com a sua anulação, a sua presentificação constantemente ilusória na forma que a memória assume, é muito importante mas tem a maior parte das vezes o capital do nada. roubo palavras a escritores. sou dos do plágio, desculpem-me o desabafo. na verdade tudo se trata de lutar com a mentira que se assume como natural desde o momento que ta inserem na cabeça. é à nascença. aquele início sobre o nada é porque a escrita necessita aquecer. ultimamente tenho perdido o ritmo. estou bruto, burro, insensível, sinto muito por dentro e muito pouco por fora, a vida é assim, colecciono desastres próprios. um Quixote ultrapassado, fora do tempo, fantasista, eu bem queria que tudo fosse perfeito, mas há uma espécie de medo que me invade e me corrompe por dentro cada vez mais, eu não sou egoísta, eu sou parvo. já sei, perco mais tempo a dizer mal de mim e do mundo do que a tentar resolver coisas. as coisas atravessam-me. o frio voltou quando não devia ter voltado. a vulnerabilidade dos lugares é assim... bate na cabeça sem perguntar se pode. disseram-me coisas feias. disseram-me coisas estranhas. coisas de fora do mundo. o corpo habitua-se ao desgaste. a cabeça nem é para aqui chamada. fecha-se tudo. fecha-se e fica-se fechado. apetecer dançar. o menino está assim. qual menino? é preciso acreditar.
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Pedro Fiuza
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4 comentários:
Discurso complicado, Filipe Pereira.
Em relação ao cão: ontem fui fazer uma acção musical no hospital de Portimão com direito ao almoço.
Prato de carne: goulash.
Olhei para o goulash e pensei: eu NÃO tenho um cão, mas... SE eu tivesse um cão, eu não lhe dava isso!
Felizmente o prato de peixe era corvina guisada que era uma maravilha.
Discurso mais simples.
hehehe, sabes que quando a cabeça anda complicada... o discurso não consegue ser simples... mas a promessa é que outros dias virão, não posso é prometer que sejam melhores, mas virão de certeza. andamos aqui para para que os dias venham.
Pois, Pedro Filipe, "outros dias virão" será para já uma promessa mais realista do que "outros amanhãs cantarão"...
(Mesmo assim, nem isso é seguro ao que parece: li a notícia que na segunda feira passada um pequeno planetóide de 21x47 metros passou a uns 70.000 km da terra, ou seja 2x a distância de um satélite, um tiro de raspão).
Quanto ao discurso complicado, não te apoquentes: eu sou filho varão de camponeses holandeses, mesmo quando temos alguma instrução o nosso discurso continua super-simples.
Por exemplo: quando vimos uma rapariga bonita na tasca, uma tentativa de engate começa com uma conversa sobre o estado do tempo, em geral um assunto consensual.
No supermercado os mais atrevidos aproximam-se do carrinho de compras de uma boazona com a pergunta: "É pá, vais comer tudo isso sozinha!?"
Francamente, somos um povo pouco romântico, hélas!
e viva o romantismo, que é, acima de tudo necessário para se viver em paz!!!
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