quinta-feira, 8 de maio de 2008

ficções da vida 1

do tal kebab ainda não disseram nada o que obviamente me deixa nervoso e sem paciência, custa-me dormir, isto assim é tramado. como não quer a coisa e precisa de acalmar... ontem este vosso mânfio foi até à praia desbundar a paisagem e o que quer que surgisse que pudesse fazer esquecer a arrelia do rolo de carne em volta da resistência que teima em não ligar!!! a praia aqui é gira, não é uma praia de um paraíso natural, é uma praia de um paraíso urbano!!! tem as máfias urbanas todas, vendem-se desde massagens a cervezabeer, enfim... vale tudo!!! mas o que mais me encheu o olho nesta tarde ensolarada foi uma chica que já não era chica nenhuma, uma espanhola estrangeira da Holanda, que se chamava Suzanne como a música do Leonard Cohen, altamente, pensou logo este vosso narrador farrapo, enquanto pensava nas milhentas possibilidades de ataque ao osso enquanto se transformava numa espécie de cão sarnoso e vagabundo do pior, enfim, isto para explicar a baba que escorria... esqueçam esta descrição. a tal Suzie lá jogava com o seu irmanito a uma parvoíce daquelas que nem lembram ao diabo, o jogo do bola para ti e bola para mim, ora eu começo a reparar atentamente no jogo mas ela pensa que eu a miro a ela, traz um vestido que mal se vê... mas eu estava a olhar era para o jogo, para aquela coisa com regras simples, para aquela parvoíce autentica. ela, sobe-lhe não sei o quê à cabeça e deve começar a acreditar que tem hipóteses de jogo comigo, começa a subir a saia de uma maneira quase parva, começa a apanhar a bola do chão repetidamente com umas posições que só pode ter aprendido em revistas, e nos entretantos vai olhando para mim como se perguntasse então? curtes? mordes, cão? este estilo de coisas que é fácil de imaginar. passa mais um cervezabeer e pára e segue. eu vou mirando mais atentamente o jogo dela, porque é ela que está a jogar, eu e o irmanito somos meros acessórios para a sua vaidade, vou-me rindo feito parvo da situação e ela pensa que eu me estou a rir para ela, curte a cena, vai insistindo e subindo o nível da provocação, até chegar a posições que é mesmo de descaramento... o seu irmão farta-se da situação e raspa-se dali para fora, ela vai atrás, eu ali fico a olhar para o mar. ali estou eu a olhar para o mar, para as figuras tristes de um gajo que para ali estava a tentar fazer wind surf mas que o melhor que tinha a fazer era dedicar-se à bilharada ou ao torneio da sueca, que farrapo ainda maior do que eu que já me estava a enervar!!! bem, mas ela volta com o seu irmanito e voltam a colocar-se estrategicamente na minha frente, ela ri-se, é descarada como nunca tinha visto nada assim, e só pensei que na adolescência as coisas poderiam ter sido diferentes se não tivessem sido na terrinha parvónia... enfim... mas o caso está que agora começo a enervar-me triplamente!!! o kebab silencioso, o tipo que deveria estar numa sala de bilhar, a chica Suzie que não me deixa estar ali relaxado!!! penso tenho de tomar uma atitude!!! se tivesse uma navalha furava-lhes a bola, não, não faria isso... levanto-me, dirijo-me a ela com uma atitude macha e pergunto-lhe esse rapaz é o teu namorado? já sabia que não, a diferença de tamanhos era óbvia, era só para meter conversa... ela diz que não, que é o irmão, penso cá dentro que isso era óbvio e ela nem precisava de responder, mas ficou a piada e o contacto inicial, o irmão vai-se embora, nós abancamos ao pé da minha mochila (que por acaso está com o fecho estragado), fumamos uns cigarritos, passam diversos cervezabeer que param e vão, deixando o que têm a deixar. ali estamos na conversa. ela vai olhando para mim com um ar que me mete medo, como se pensasse que me iria dar uma sova!!! sei lá, este pessoal estrangeiro... eu vejo as notícias e sei que os estrangeiros são capazes de coisas do arco da velha!!! para ali estamos, alegres, bem dispostos, divertidos, com cervezabeer, o tempo vai passando, vamos cruzando coisas, a praia vai ficando deserta... passado um pouco, ela empurra-me e deita-me na areia, escarrapancha-se em cima de mim, com uns golpes de karaté fez uma coisa que ainda não percebi, olha para mim, viola-me em frente a toda a gente que não é gente nenhuma porque a praia está deserta!!! fónix!!! o descaramento da miúda!!! então isto é assim??? já está escuro, ela agarra-me, aperta-me as calças, levanta-me e leva-me a jantar. eu estou tão envergonhado que nem consigo olhar para ela, escolhe a comida para os dois, serve-me o prato, compra-me uma rosa. só pode estar a gozar comigo!!! porra, eu detesto as rosas nos restaurantes!!! não me deixa pagar porque diz que eu sou o cão dela!!! isso é tramado... cão, nunca!!! rato, porco-espinho, lesma, mosca... vá que não vá... mas esta do cão, tipo caniche??? detesto!!! mas enfim, lá vamos para a rua, ela começa a apanhar seca e diz que quer ir para um hotel, já estou a ver o filme, agora saiu-me uma louca na rifa, o que raio irei fazer??? lá vamos para um hotel ali no centro, chegamos ao quarto, ela despe-me e despe-se a ela, mete-me na banheira e começa a lavar-me, entra e diz para eu lhe esfregar as costas, esfrego claro não quero levar nas ventas, pede outras coisas que eu aqui não escrevo porque isto é um blog decente, acabamos, vamos para a cama ela vira-me, senta-se em cima de mim e começa a fazer-me uma daquelas massagens, penso que assim vale a pena ser cão, destas nunca me tinham feito, que altamente, isso, carrega aí, faz aí, ela sabe, ela sabe!!! já estou eu mais do que relaxado, já nem kebab nem nada, ela desata nuns preparos dignos das melhores cenas eróticas do David Lynch, a noite é grande... muita coisa se passa no tamanho de uma noite. não me lembro de me deixar dormir... acordo com um sarrabulho do caneco, todo nu, deitado na cama, coberto com um lençol, com ela a chorar e o pai a mandar vir!!! meu deus, onde é que me meti??? o pai senta-se na cama e passa-me um cigarro, até aqui tudo bem, diz-me que a filha gostou muito de mim e que querem levar-me lá para a terra deles... o pai é um gigante e cada braço dele são duas pernas minhas, está calmo mas nunca se sabe... eu digo-lhe que não posso ir, que estou à espera de uma resposta de um kebab e tal e coiso... o pai saca de uma navalha e encosta-ma na pila, mas continua calmo, o que é formidável, e como ele está calmo eu também estou, e apesar de ter uma navalha encostada à pila ainda fumo o meu cigarro tranquilamente... enfim... também se a cortarem e a derem aos cães o máximo que pode acontecer é passar a falar mais fininho e a fazer xixi sentado!!! se quer cortar que corte, eu para a terra deles não vou... então... estou aqui há tão pouco tempo... olha agora ir-me embora por causa de uma navalha!? ná... digo-lhe que tenho de fazer xixi, que preciso de ir à casa de banho, ele deixa mas fica de vigia, a casa de banho tem uma janelita onde mal caibo, mas mesmo assim tenho de fugir dali, passo pela janela, faço um exercício de escalada dos que só tinha visto em filmes de acção, ele começa a bater na porta, eu dou um tralho do caneco quando estou quase a chegar ao chão, desato a correr e a sangrar da perna!!! estou em tronco nu mas tenho as calças vestidas, saco do cartão do Bicing e é pedalar para salvar a vida, chego a casa, tranco a porta, fecho as janelas todas, fumo um cigarrito, a perna dói-me até dizer que chega. porra, logo hoje que tenho de ir trabalhar... enfim... se os gajos do kebab tivessem ligado nada disto tinha acontecido... que porra, não volto a olhar para jogos parvos na praia de pessoas que não conheço, vai ser tramado andar hoje de bicicleta e espero bem que o restaurante tenha pouca gente... nunca o tal... ele há com cada uma... está bem que já me tinham avisado que em Barcelona tudo era possível, mas sem estes exageros... por amor de deus...

qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência, uma ilusão provocada pelo escritor desta porcaria, que por acaso sou eu. as personagens, ainda que seja possível que existam, são uma mera trapalhada, ainda que Suzie e o farrapo do wind surf sejam bem reais, toda a envolvência escrita é a mais pura das ficções.

Sem comentários: