quinta-feira, 15 de maio de 2008

pois pois... c'est la vie...

bem, chego ao restaurante com a chouriçada e o queijo a puxá-la. o meu colega como é Sikh não pode comer carne logo leva uma amostra de queijo da Serra, só para dar o gosto e pelo prazer da partilha... tenho aprendido tanto com esta gente... Mister Patron, queijo da Serra e um chouriço... e já pus um iraquiano a absorver coisas de Portugal (coisa não inédita, a Casa Portuguesa cumpre demasiado bem o seu papel...). bem, aquilo é um aglomerado de culturas que muito me agrada. três mânfios de lados distintos do mundo que conseguem trabalhar demasiado bem numa só casa!!! cada um com a sua vivência, cada um com o seu objectivo, cada um com o seu rumo, todos a fazer tudo por tudo para que as coisas funcionem!!! claro que há um patrão, mas neste momento posso dizer, sem modéstia, que a relação ultrapassa o emprego, trabalhamos bem uns com os outros, mandamos piadas numa espécie de meta-linguagem!!! com o meu espírito lamechas a cair no choradinho, já sabem que só posso achar isso bonito!!! e gosto mesmo daquilo. um restaurante não é muito diferente de um espectáculo de teatro, ambos têm público e em ambos o público tem de ficar bem servido, para poder voltar, para não haver vergonha no momento de apresentar a conta ou agradecer. gosto de pessoas. conhecer pessoas é fixe. ah, agora vai haver aqui uma cena de museus abertos, uma noite com os museus abertos... lá vou eu aproveitar para ir ver umas cenas... tem de ser... não há dinheiro para esbanjar e é de aproveitar estas coisas. apetece-me escrever histórias. histórias loucas com gente real. gente que deixa de o ser. já todos sabem que eu sou fã do Heiner Muller, ele dizia uma coisa, quando escrevia para teatro podia dizer eu, acho que é esse lado que me fascina nas histórias em que o personagem central sou eu, nada de acontecimento mirabolante nisto, a ficção é assumida durante o caminho todo. tanto para viver. tantas saudades que ficam e se acumulam... uma coisa é certa, está-se com mais possibilidades aqui... se agora estivesse a fundanar estaria a pensar na tasca na Festa da Cereja, espero que o meu irmão a abra, espero que esteja com pinta, espero que funcione... mesmo... se aí estivesse neste momento muitas coisas seriam diferentes, mas não estou, a verdade é essa. a vida seria diferente, o amor seria diferente, a teatra seria diferente, tudo, tudo, tudo... tenho andado a pensar em coisas minhas (desabafo), uma vez, depois de fazermos as Três Irmãs, o grande Rogério disse-me: há actores que constroem uma casa, há actores que deitam a casa abaixo e têm sempre de a reconstruir, que começam sempre de novo... estava a falar de mim... cada vez percebo mais isso. e é preciso destruir a casa muitas vezes. a pergunta que me faço agora é: até quando? quando há-de ficar a casa pronta? quando poderei viver nela? com os gatos, com o amor, com os filhos? quando? quantas voltas terá o mundo de dar? amanhã tenho outra entrevista. o caneco do kebab já se foi, acredito eu... tenho de resolver a vida, as coisas começam a ficar cada vez mais apertadas e não quero que os outros se vejam com um peso nas mãos que me pertence a mim. mas um gajo não sabe... no do Jorge Palma há uma coisa gira escrita, diz o seguinte, mais ou menos: Só há duas maneiras de fazer isto, é a de quem sabe ou assim. - Fizemos assim!!! e esta é a cena, uma inocência absoluta nas coisas do mundo, um medo e uma cobardia sem limites, com os tomates gigantes para umas coisas e invisíveis para outras... mas porque isto está tudo por descobrir... podem ler-se os livros todos, pode ouvir-se a música toda, ir-se ao cinema, ao teatro, a exposições, viajar... mas a vida parva, inocente, infantil... essa ninguém nos vai tirá-la. ainda bem que vim. ainda bem que cá estou com este Zino. ainda bem que cá está o xôr Pedro e a dona Leonor, ainda bem que conheci Mister Patron, Mister Gurmail, Miss Karandjir, ainda bem que trago um pouco de vocês todos comigo, ainda bem que amo, ainda bem que fiz coisas estúpidas, ainda bem que fiz coisas boas, ainda bem que tenho limitações, contas, dívidas, trabalhos, paixões, amizades, inimizades, portas abertas, portas fechadas, viagens, experiências, partilhas, bons momentos, maus momentos, ódios de estimação, coisas parvas... ainda bem... sou isso e muito mais... isto ninguém me tira!!! isto sou eu. eu. este farrapo!!! hehehe. vá, abraços, estou demasiado lamechas...

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