sábado, 31 de maio de 2008

a obrigação de escrever

isto de um gajo acreditar que vai à praia é tramado, sempre que se acredita que se há-de ir à praia parece que o tempo muda de propósito só para lixar um gajo!!! é o chamado tempo sacana velhaco!!! já estava todo contente que amanhã ia molhar o rabinho no mar, com o calçonete já a espreitar-me fora do armário e a piscar-me o olho... hoje, um cinzento que não acredito que desapareça para amanhã... é esperar para ver. segunda-feira lá arranco mais a sério com o kebab e este mês vai ser infernal, amanhã um dia de praia vinha mesmo a calhar, amanhã também começa a preparação louca do Dostoiévski, que melhor preparação do que uma boa tarde de leitura esparramado na areia da praia? para ganhar boas energias e para ganhar a nova perspectiva do texto!!! um espectáculo sobre o exílio, sobre o estar longe, sobre a casa. a vida é sobre a casa. tudo é sobre a casa. há uma mudança radical no sentido. nem por isso melhor, é só uma mudança. comecei a pensar já no texto para o público. o público... já ando com o cagaço do público. isto do tempo longe do teatro aumenta sempre as ânsias. e, sinceramente, ando mesmo fora dele. a tal pausa, se é que é possível. anda-se sempre com o teatro na cabeça, fala-se sozinho de teatro, até se discorre teoricamente sobre teatro quando se anda sozinho, até chega a ser uma companhia... hehehe uma coisa é certa, de teatro em Portugal... longe e largo, que não há paciência, porque a verdade é que há um facto que todos sabem mas que ninguém diz, o teatro em Portugal está uma seca, está vazio, sem direcção, é mole. e como também eu já andava assim... pausa, tenho de me voltar a apaixonar pelo meu trabalho em vez de aceitar o frete, em vez de estar no teatro como num emprego. tenho saudades, claro, saudades do problema, mas também não vou andar a cantar de galo e pensar em esquemas para o fazer, não me apetece. apetecia-me estar num monte a escrever que nem um louco. estes textos chatos que aqui vou enfiando são só usados para me obrigar a manter o ritmo, para o exercício, uns serão mais giros do que outros, saem todos do mesmo lugar. enfim... apetece-me escrever histórias, nunca tinha escrito histórias. sempre aquelas coisas chatas e maçudas cheias de peso e melancolia... estou farto disso, pseudo poemas não volto a escrever, se algum dia me voltar a sair um livro há-de ser um outro registo, nada de grandes verdades, estou farto de dizer mal do mundo, agora estou na fase em que tenho é de dizer mal de mim, o mundo que gire como tem de girar, as políticas que se divirtam com os seus jogos, as teatradas da província que continuem com os seus espectáculos do estilo Margarida Rebelo Pinto que é para poderem continuar com a bandeira dos números e lhes aumentarem os subsídios, estou-me nas tintas, nunca me impediram de nada, de qualquer maneira já todos sabemos que estamos entregues à mediocridade, e que a linha de qualidade do país é a linha do zero... está-se bem. está-se mal é não poder ir à praia. isso é que é naquela. apetece-me praia, escrever, trabalhar, dançar. por aqui me fico neste texto sem brilho.

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